Categoria - Cristologia

JESUS CRISTO O FILHO DO HOMEM

Ubiracy L. Barbosa

Introdução

Pretende-se neste estudo demonstrar a relevância bíblica e teológica da cristologia do Filho do Homem. Infelizmente não há nos manuais de teologia uma abordagem apropriada ao assunto, é da opinião de Oscar Cullmann que nos “sistemas oficiais de dogmática, e especialmente nas discussões dos séculos IV e V, a ideia de Logos ocupa um lugar tal que todas as demais concepções cristológicas ficaram, mais ou menos, relegadas a segundo plano”.1A compreensão cristológica de Filho do Homem é tão relevante para teologia de modo especial para cristologia que Cullmann chega a dizer “a noção de Filho do Homem é mais ampla e que, mais do que nenhuma outra, é suscetível de descrever a obra total de Jesus.”2 Se esta afirmação estiver correta, então, os estudos de cristologia devem concentrar a pesquisa na noção bíblica de Filho do Homem.Tal é relevância do assunto que Cullmann aponta que este é o único título messiânico que, “segundo os Evangelhos Sinópticos, Jesus aplicou a si mesmo, enquanto que jamais designou a si próprio como ‘messias’. Intencionalmente, sem dúvida, substituiu o título Messias pelo Filho do Homem”.3Depois de um arrazoado sobre o Filho do Homem no judaísmo, Oscar Cullmann conclui que a concepção judaica aparece sob duas formas:

Sob a forma de um ser celestial que – agora ainda em oculto – aparecerá somente no fim dos tempos, sobre as nuvens, com o objetivo de julgar o mundo e de realizar o povo dos santos. Encontramos esta figura exclusivamente escatológica em Daniel, no livro de Enoque e no 4º Esdras.
Sob a forma de um homem celeste ideal que se identifica com o primeiro homem desde o início dos tempos. Esta concepção se desenvolve em Fílon de Alexandria e se encontra também nos Kerygmata Petrou, como também nas especulações rabínicas relativas a Adão.4
O Novo Testamento tem muito a nos dizer sobre a expressão Filho do Homem “…nos Sinópticos, as afirmações no tocante ao Filho do Homem dividem-se em três grupos: o Filho do Homem ministrando na faze da terra, a humilhação e morte do Filho do Homem e a vinda do Filho do Homem em glória apocalíptica, para julgar os homens e inaugurar o Reino de Deus.”5Neste trabalho buscar-se-á entender a concepção sinótica do Filho do Homem a partir do Livro de Mateus, é claro, será usado Marcos e Lucas, mas os esforços estarão concentrados no Evangelho de Mateus. Os Evangelhos sinóticos mostram o Filho do Homem de maneiras diversas, ou dizendo de outra forma, mostram facetas, características dele.A expressão ‘Filho do Homem’, nos evangelhos, é encontrada somente na boca de Jesus, ou seja, somente Jesus fala do Filho do Homem, isso demonstra claramente que o Cristo de Deus, quis se revelar como Filho do Homem e não somente como Cristo, servo do Senhor ou outros títulos que lhe são próprios.O Filho do Homem é apresentado nos quatro Evangelhos como divino e humano, celestial e terreno, glorioso e servo, juiz e obediente. Tanto Mateus quanto o Evangelho de João trabalharão com essas noções. Mateus e João ensinam que o Filho do Homem é o grande juiz de toda a terra, diante dele se dobram todo ser humano, ele tem o poder, a sabedoria e a autoridade do Pai para julgar tudo e todos. Cullmann pondera que não “temos necessidade consagrar um capítulo especial a Jesus como ‘juiz’: esta qualificação não representa senão um aspecto da ideia de Filho do Homem”. 6 Embora ele faça esta consideração, a noção de Jesus como o grande juiz é altamente importante para a ideia de Jesus como Rei dos Reis.Por outro lado Cullmann diz que “a função de juiz pertence à própria essência do Filho do Homem, seja juízo futuro ou presente, ou ambos ao mesmo tempo (como no Evangelho de João).”7Será estudado o texto de Mateus 25.31-46 no qual o Filho do Homem se assenta no seu trono para julgar as nações, nesta passagem será discutida com mais vagar a característica do Filho do Homem como juiz de todos os seres humanos.

O Filho do homem no Evangelho de Mateus

A expressão ‘Filho do homem’ ocorre cerca de oitenta e duas vezes no Evangelho de Mateus tendo vários aspectos importantes a serem tratados, vejamos de modo esquemático o que o apóstolo Mateus ensina sobre a realidade do Filho do Homem. O evangelista apresenta o Filho do Homem como sujeito às fraquezas humanas, mas também como Cristo, Salvador, Pregador, sendo traído, tendo poder sobre a morte, anjos e também escreve sobre sua vinda em poder e glória.

O Filho do Homem, homem: Mateus apresenta o Filho do Homem como sujeito a fraquezas e condições de qualquer ser humano, ele não tem onde reclinar a cabeça, “Mas Jesus lhe respondeu: As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8.20). Embora tivesse moradia em Cafarnaum, era um peregrino que vivia de cidade em cidade anunciando o Evangelho.O Filho do Homem comia e bebia como qualquer ser humano, “Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: Eis aí um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores! Mas a sabedoria é justificada por suas obras” (Mt 11.19). Esta afirmação evidencia a completa humanidade de nosso Senhor, ele ia ao banheiro como todo o homem faz.Ele se sujeita de tal maneira ao ponto de suportar palavras indignas em relação a sua pessoa, “Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir” (Mt 12.32).O Filho do Homem, é tão humano que passará pela morte como todo ser humano passa ou passará, “Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra” (Mt 12.40).O Filho do Homem se deixa padecer pelas mãos de pecadores. É curioso que parece existir uma progressão neste ponto, “Eu, porém, vos declaro que Elias já veio, e não o reconheceram; antes, fizeram com ele tudo quanto quiseram. Assim também o Filho do Homem há de padecer nas mãos deles” (Mt 17.12).O texto acima usa a expressão ‘nas mãos deles’, e neste texto usa a expressão ‘mãos dos homens’, “Reunidos eles na Galileia, disse-lhes Jesus: O Filho do Homem está para ser entregue nas mãos dos homens” (Mt 17.22). Em seguida diz que esses homens são os sacerdotes e escribas “Eis que subimos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte” (Mt 20.18).Estes sacerdotes e escribas o entregarão a morte e morte de crucificação “Sabeis que, daqui a dois dias, celebrar-se-á a Páscoa; e o Filho do Homem será entregue para ser crucificado” (Mt 26.2). E por fim diz que esses homens são pecadores, “Então, voltou para os discípulos e lhes disse: Ainda dormis e repousais! Eis que é chegada a hora, e o Filho do Homem está sendo entregue nas mãos de pecadores” (Mt 26.45).

O Filho do Homem traído

O Filho do Homem foi traído por um dos seus apóstolos, “O Filho do Homem vai, como está escrito a seu respeito, mas ai daquele por intermédio de quem o Filho do Homem está sendo traído! Melhor lhe fora não haver nascido!” (Mt 26.24). A traição é um horror a que todos os seres humanos estão sujeitos.O salmista Davi, grande rei de Israel, demonstra em seus salmos o terrível medo que o assombra diariamente, a traição, temia ser traído por aqueles que estavam próximos a ele e também os que estavam distantes.

Há quem diga que o ser humano tem três grandes medos, medo da morte, falar em público e de ser traído. Parece que a traição é o destino de grandes líderes e protagonistas da história mundial. Júlio César foi traído por aqueles que um dia o apoiaram e de modo especial, seu amigo Brutus. É famosa a frase ‘até tu Brutus’, referindo-se as palavras finais ditas por Júlio César ao seu amigo que agora esfaqueia seu corpo e dilacera sua alma. Na China os imperadores temiam constantemente serem traídos e assassinados, de fato alguns foram traídos e mortos. Os filmes épicos nos demonstram com muita clareza a triste realidade dos imperadores chineses. No Brasil também há casos de traição, talvez um dos mais conhecidos seja com Zumbi dos Palmares. Zumbi foi grande líder dos negros, lutou pela libertação dos escravos negros e desafio o poder dos brancos e do governo. Era habilidoso, guerreiro temido e estrategista militar, era difícil prendê-lo ou matá-lo, até que fora traído por um dos seus, somente assim fora pego e morto.

A autoridade do Filho do Homem

O Filho do Homem tem poder para perdoar pecados, curar os enfermos, sobre o sábado e sobre os anjos “Ora, para que saibais que o Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados – disse, então, ao paralítico: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa” (Mt 9.6).O Filho do Homem é senhor do sábado, “Porque o Filho do Homem é senhor do sábado” (Mt 12.8). Tal afirmação nos faz lembrar do quarto mandamento, ou seja, da lei do Senhor Deus. O Filho do Homem é Senhor da lei, isto é, ele cria, governa e enche de sabedoria a lei e o sábado. Na verdade, ele é o sábado.Devemos entender que quando o texto de Êxodo 20.8-11 diz que era para o homem trabalhar seis dias e descansar no sétimo, nos ensina que quando Deus ordenou este mandamento Ele estava também pensando no bem-estar do homem, no aspecto geral: físico, espiritual e emocional. Considerando isso podemos dizer que o Sábado também é do homem. Jesus diz que o Sábado foi feito por causa do homem. Alguns pensam que Jesus anulou o sábado, mas quando olhamos com cuidado vemos que isso não é assim. Cristo ensinou seis vezes sobre o sábado. Jesus ia na sinagoga aos sábados “Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler” (Lc 4.16).Em Mateus há duas ocorrências. A primeira quando os discípulos comem cereais e a segunda quando Jesus cura o homem da mão ressequida (Mt 12.1-8; 9-14). Aqui aprendemos que Jesus admite colher alimento para comer, sem que isso seja considerado uma transgressão ou um trabalho no dia de sábado. Aprende-se também que deve fazer o bem no dia de sábado, obras de caridade e socorro ao próximo é uma prática sabática aprovada por Jesus. Outras duas ocorrências estão em Lucas. A primeira, da mulher que andava encurvada, vivia presa por Satanás e a segunda a cura de um homem paralítico. (Lc 13.10-17; 14.1-6). Novamente aqui jesus ensina a fazer o bem, curar e libertar as pessoas das amarras de Satanás, assim conclui-se que a pregação, evangelização não se constituem transgressão ao quarto mandamento.As últimas duas ocorrências estão em João. A primeira é a cura do paralítico do poço de Betesda e a segunda a cura do cego de nascença (Jo 5.1-18; 9.1-7,14,16). O sábado foi criado também para o homem e deste modo deve beneficiar se bem-estar. Cuidar das pessoas, de suas necessidades no dia de sábado não é um ato de rebeldia contra o quarto mandamento, pelo contrário, é a realização do quarto mandamento.Em todas essas passagens houve discórdia por parte dos fariseus. Eles perseguiram o Senhor porque fazia o bem no dia de sábado. O que podemos concluir é que Jesus não aboliu o sábado e sim ensinou o seu verdadeiro significado, a saber, fazer o bem neste dia. Jesus foi 100% obediente ao quarto mandamento.Ele pôde ensinar com propriedade sobre o sábado pois é Senhor do sábado “de sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado” (Mc 2.28). Como chefe do sábado Jesus ensinou a fazer o bem “Fazer o bem, salvar de um perigo, recuperar a vida, sarar o doente e alimentar o jumento” (Lc 13.15-16) são equivalentes positivos do quarto mandamento no Novo Testamento”.8A conclusão do ensino de Jesus sobre o quarto mandamento é que o sábado é o lugar de fazer o bem, promover o bem-estar humano, libertar os cativos por Satanás, aliviar o peso aos animais, curar os enfermos e ouvir as Escrituras. É um dia de tomar alento, refazer as forças, renovar o ânimo, recobrar as energias e prosseguir no caminho. Jesus Cristo é o nosso repouso (sábado) eterno Hb 4.9-11; Ap 14.13. A guarda do dia do Senhor nos aponta para nosso descanso sabático eterno, o sábado do primeiro dia nos capacita a olhar além de nossas lutas atuais para o céu. O sábado nos aponta a eternidade, “O sábado tinha o ‘valor de tipificar a eternidade’, era um ‘emblema do descanso eterno’”.9Jesus é o sábado (Cl 2.16-17; Hb 10.1). O quarto mandamento diz que Deus abençoou o dia de sábado, creio que esta é a razão pela qual o sábado é abençoado, pois Cristo é o sábado, é o descanso para seu povo (Mt 11.28-30), Agostinho disse certo ao afirmar “Vós o incitais a que se deleite nos vossos louvores, porque nos criastes para Vós e o nosso coração vive inquieto, enquanto não repousa em Vós”.10O poder do Filho do Homem é demonstrado pela autoridade exercida sobre os anjos, “Mandará o Filho do Homem os seus anjos, que ajuntarão do seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade” (Mt 13.41).O Filho do Homem na mais alta posição, “Jesus lhes respondeu: Em verdade vos digo que vós, os que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel” (Mt 19.28).A mais alta posição é à direita do altíssimo “Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste; entretanto, eu vos declaro que, desde agora, vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-Poderoso e vindo sobre as nuvens do céu” (Mt 26.64). O trono de sua glória é o mesmo que sentar do lado direito do Todo-Poderoso.

O Filho do Homem como pregador

O Filho do Homem traz ao mundo a mensagem redentora, “E ele respondeu: O que semeia a boa semente é o Filho do Homem” (Mt 13.37). Esta mensagem é a boa semente que produz salvação. Em vários lugares do NT é ensinado que Jesus é o profeta, o mensageiro do altíssimo, ele é palavra divina que se tornou carne, ganhou forma humana (Jo 1.1,14; Fp 2.5-11).

O Filho do Homem é o Cristo11: Mateus aponta par ao fato de que o Filho do Homem é o Cristo, “Indo Jesus para os lados de Cesareia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas. Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus” (Mt 16.13-17).O NT usa o termo ‘Cristo’ para se referir ao Messias prometido no AT, quando Mateus relata o episódio de Pedro dizendo que o Filho do Homem era o Cristo, ele está querendo transmitir a verdade inconfundível de que o Filho do Homem é o salvador, redentor e a grande esperança de seu povo.Distinção das expressões Jesus Cristo e Cristo Jesus. Nosso salvador recebe nos evangelhos vários nomes, ‘Filho de Deus’, ‘Filho do homem’, ‘Mestre’, ‘Rei’, ‘Profeta’, ‘Filho de Davi’, ‘Jesus’, ‘Nazareno’ (Mt 26.71), ‘Juiz’, ‘Pão da vida’, ‘Messias’, ‘Cristo’, ‘Santo de Deus’, ‘ungido’ (At 4.26), ‘Senhor’, dentre tantos outros.A primeira vez que ocorre a expressão ‘Cristo Jesus’ é em Atos “Passados alguns dias, vindo Félix com Drusila, sua mulher, que era judia, mandou chamar Paulo e passou a ouvi-lo a respeito da fé em Cristo Jesus” (At 24.24). A expressão ‘Cristo Jesus’ ocorre 87 vezes no NT, sendo uma em Atos e as demais nos escritos de Paulo, ela não aparece nos Evangelhos e nem nas cartas gerais.Por outro lado, a expressão ‘Jesus Cristo’ ocorre 132 vezes sendo que a primeira em Mateus, “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão” (Mt 1.1). Todos os autores do NT usam a expressão ‘Jesus Cristo’, incluindo Paulo. Ela ocorre em Mateus, Marcos e João, não aparece no Evangelho de Lucas, Atos, em todas as cartas de Paulo, Hebreus, Tiago, nas duas cartas de Pedro, nas duas primeiras cartas de João, em Judas, e Apocalipse. Na verdade, há a uma identidade entre o que Cristo é o que ele faz, ou seja, entre sua pessoa e sua obra. Tudo que Jesus Cristo é, o é para o benefício do outro, seja Deus, a natureza ou o ser humano. Ele é para o outro, existe para o outro, realiza sua obra para glorificar ao Pai e redimir toda criação.A expressão ‘Jesus Cristo’, ou ‘Cristo Jesus’ sintetiza tudo o que ele é e faz. Como Cristo, é Deus, como Jesus, é humano; como Cristo, é Filho de Deus, como Jesus, é Filho do homem; como Cristo, é o messias prometido, como Jesus, é o messias encarnado; como Cristo, é celestial, como Jesus, é terreno; como Cristo, é de cima, como Jesus, é aqui debaixo; como Cristo, é espiritual, como Jesus, é carne.Cada título que Jesus recebe não esgota tudo o que ele é e faz. A Bíblia diz que ele é profeta, mas ser profeta não esgota tudo o que ele é. A Bíblia diz que ele governa, ora, quem governa é rei e não profeta, assim, a Bíblia se utiliza de vários títulos e expressões para nos dizer sobre a pessoa e obra de Cristo. Há então, nas Escrituras a expressão ‘Cristo Jesus’ ou ‘Jesus Cristo’ que expressa tudo sobre a sua pessoa e obra.Há significação distinta entre as duas expressões ‘Cristo Jesus’ e ‘Jesus Cristo’? William Hendriksen diz que não:

Provavelmente seja correto dizer que a ordem exata não tem significação especial. Pareceria que no NT haja uns 127 casos em que a ordem é ‘Jesus Cristo’, e cerca de 91 em que é ‘Cristo Jesus’. Nas cartas de Paulo, a ordem ‘Cristo Jesus’, embora a princípio não seja tão proeminente, gradualmente se torna mais frequente, de modo que, por fim, a ordem ‘Jesus Cristo’ chega a ser exceção, e ‘Cristo Jesus’, a regra. Nas epístolas mais antigas (Gálatas, 1 Tessalonicenses, 2 Tessalonicenses, 1 Coríntios, 2 Coríntios e Romanos) as cifras são (ou são aproximadamente): 32 casos de ‘Cristo Jesus’ contra 54 de ‘Jesus Cristo’. Nas epístolas da primeira prisão em Roma – Efésios, Colossenses, Filemom e Filipenses – são: 31 casos de ‘Cristo Jesus’ contra 13 de ‘Jesus Cristo’. Nas últimas epístolas que ele escreveu, as Pastorais: 25 ‘Cristo Jesus’ contra apenas 5 ‘Jesus Cristo’. Para explicar esse fenômeno, tem-se sugerido que inicialmente o aramaico ‘Jesus o Cristo’ foi traduzido para o grego na forma mais ou menos literal, dando a ordem em que o nome próprio ‘Jesus’ é seguido do título ‘Cristo’, que indica seu ofício. Depois de um tempo, a palavra ‘Cristo’ começou a ser sentida cada vez mais como um segundo nome próprio agregado a ‘Jesus’. Formando agora parte, ou estando lado a lado com o nome ‘Jesus’, o caráter flexível do grego tornou possível a inversão da ordem; daqui surgiu ‘Cristo Jesus’ ou ‘Jesus Cristo’ sem diferença de significado. (…). Acrescentaríamos que para a igreja primitiva a designação ‘Cristo’ não era de modo algum ‘meramente’ um nome, tão sem sentido como às vezes ocorre entre nós. Quando o pronunciavam, seus seguidores imediatamente pensavam nele como o Ungido.12

Porém, Edmond Hiebert aponta para o contrário da interpretação de Hendriksen, ele afirma que Paulo tinha uma intenção ao usar uma ou outra expressão, há, significação na expressão ‘Cristo Jesus’ e ‘Jesus Cristo’. Para Paulo, todavia, e para seus leitores gregos, cada ordem tinha sua própria significação. Em ambas as ordens, o primeiro membro do nome composto indica se, na mente do escritor, estava em posição de destaque a ideia teológica ou histórica referente a nosso Senhor. A ordem ‘Cristo Jesus’ salienta o fato teológico que Aquele que estava com o Pai, na glória eterna, se tornou encarnado em forma humana. Em seus escritos, Paulo emprega ambas as ordens, ainda que prevaleça a ordem de ‘Cristo Jesus’. Isso talvez se deva ao fato que Paulo não acompanhou o homem Jesus, enquanto Ele estava nesta terra, e que, em sua própria experiência, conheceu primeiramente o Cristo glorificado. 13Paulo diz que Cristo é nossa esperança (Tm 1.1). A palavra aqui em Timóteo é (evlpij) (evlpisj) que significa ‘esperança’, ‘expectativa’, ‘alguma coisa esperada’. Elpis ocorre treze vezes no NT no caso genitivo, 14 dez no caso nominativo15, dezoito no caso acusativo15 e doze vezes no caso dativo17, totalizando cinquenta e três ocorrências no NT.A esperança no NT não tem o mesmo sentido dos dicionários de língua portuguesa. A esperança ensinada no NT vai ser realizada, é uma esperança certa e segura, impossível de não acontecer. Não é o caso da esperança encontrada no senso comum, a esperança do senso um comum é apenas uma expectação, um sonho que pode e não pode se concretizar. A esperança bíblica vai se realizar com toda certeza. Esperança da ressurreição. Paulo usa esta palavra dando a entender que havia uma esperança entre os judeus, não qualquer esperança, mas a esperança. “Sabendo Paulo que uma parte deles era de saduceus e a outra de fariseus, clamou no Sinédrio: Irmãos, sou fariseu, filho de fariseu; é por causa da esperança (evlpi, doj) da ressurreição dos mortos que estou sendo julgado” (At 23.6).As doze tribos almejam esta esperança, “a qual as nossas doze tribos, servindo a Deus fervorosamente de noite e de dia, almejam alcançar; é no tocante a esta esperança, ó rei, que eu sou acusado pelos judeus” (At 26.7). Em Atos 26.6 Paulo fala de uma promessa feita por Deus a ‘nossos pais’ e em 26.8 fala do poder de Deus para ressuscitar mortos, referindo-se a ressurreição de Jesus e, em 26.23 fala explicitamente da ressurreição de Cristo e que por ela anunciaria a luz aos judeus e gentios. Falando da ressurreição dos cristãos, Paulo escreve: “Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança” (1Ts 4.13; cf. Fp 1.20).Esperança da salvação. Paulo escrevendo aos Tessalonicenses diz “Nós, porém, que somos do dia, sejamos sóbrios, revestindo-nos da couraça da fé e do amor e tomando como capacete a esperança da salvação” (1 Tessalonicenses 5.8). A salvação é a esperança de Israel, “Foi por isto que vos chamei para vos ver e falar; porque é pela esperança de Israel que estou preso com esta cadeia” (At 28.20).Esperança da vida eterna. “na esperança da vida eterna que o Deus que não pode mentir prometeu antes dos tempos eternos” (Tt 1.2). E ainda “a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna” (Tt 3.7).Esperança do Evangelho “se é que permaneceis na fé, alicerçados e firmes, não vos deixando afastar da esperança do evangelho que ouvistes e que foi pregado a toda criatura debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, me tornei ministro” (Cl 1.23).A esperança da ressurreição só é possível porque Jesus ressuscitou e permanece vivo; a esperança da salvação só é possível porque o verbo se tornou carne e se tornou nosso salvador; a esperança do Evangelho é a mensagem de redenção trazida por Jesus Cristo. A Bíblia diz que a esperança é bendita, viva, exultante, superior e certa, ou seja, não diz apenas sobre o tipo de esperança, mas a qualifica com os termos mencionados acima. Esperança bendita. Paulo chama esta esperança de bendita, “aguardando a bendita esperança e a manifestação da glória do nosso grandessíssimo Deus e Salvador Cristo Jesus” (Tt 2.13). Esperança viva. “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos” (1Pe 1.3).Esperança exultante “Cristo, porém, como Filho, em sua casa; a qual casa somos nós, se guardarmos firmes, até ao fim, a ousadia e a exultação da esperança” (Hb 3.6). Quem se alimenta desta esperança não tem lugar para incertezas “Desejamos, porém, continue cada um de vós mostrando, até ao fim, a mesma diligência para a plena certeza da esperança” (Hb 6.11).Esperança superior “(pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro lado, se introduz esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus” (Hb 7.19).Esperança prometida e certa “Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel” (Hb 10.23). E ainda “para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, forte alento tenhamos nós que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta” (Hb 6.18).Escrevendo aos Romanos, Paulo incentiva que os cristãos se encham desta esperança “E o Deus da esperança vos encha de todo o gozo e paz no vosso crer, para que sejais ricos de esperança no poder do Espírito Santo” (Rm 15.13). Elogia os cristãos de Tessalônica pela firmeza da esperança, “recordando-nos, diante do nosso Deus e Pai, da operosidade da vossa fé, da abnegação do vosso amor e da firmeza da vossa esperança em nosso Senhor Jesus Cristo (1Ts 1.3). Esta esperança faz parte do DNA dos cristãos, está alojada em seu coração “antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós” (1Pe 3.15).Cristo Jesus, esperança da glória, “aos quais Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória” (Cl 1.27).Todos esses modos de falar de esperança refletem e apontam para Jesus Cristo nossa esperança. Podemos ter esperança da ressurreição porque Jesus ressuscitou e permanece vivo até hoje, podemos ter esperança da salvação porque ele é nosso salvador, podemos ter a esperança de vida eterna porque ele é eterno.

Tudo converge para Jesus Cristo nossa esperança. William Hendriksen aponta que Jesus “tornou possível e real essa esperança. É ele quem a revitaliza diariamente. É ele a Fonte, bem como o Objeto, de nossa esperança (cf. At 28.20; Cl 1.27)”.18 Edmond Hiebert destaca que Jesus é a esperança, autor, objeto, base e a substância de nossa esperança, ele diz: “Que bendita percepção é a verdade que Cristo Jesus é a ‘nossa esperança’. Não se trata apenas que Ele nos proporciona esperança, mas antes, que Ele é essa nossa própria esperança. Ele é a esperança do indivíduo e do mundo; pessoal, nacional e internacionalmente. Ele é a nossa esperança em todo sentido do termo, o objeto, a autor, a base, a substância de nossa esperança”.19Jesus não apenas dá esperança, alimenta, ou a revitaliza. Ele é o conteúdo da esperança, ele é a própria esperança, pois é o princípio e o fim (Ap 22.13), o alfa e o ômega (Ap 22.13), o primeiro e o último (Ap 17; 2.8). Desta maneira ele abarca o tempo e o espaço e assim nos assegura vida, ressurreição e vida eterna. Ele é a ressurreição e a vida (João 11.25).A obra de Cristo nos garante as bênçãos divinas: “Por causa de Sua obra de redenção, Cristo Jesus é agora a nossa esperança; nossa esperança relativa aos nossos passados pecados perdoados, nossa esperança relativa à vitória no presente, nossa esperança relativa à glória futura”.20João Calvino escreve que somente Cristo recebe o título ‘nossa esperança’, “pois é só quando olhamos para ele que começamos a desfrutar de boa esperança, porquanto é tão-somente nele que se encontra toda a nossa salvação.”21 Nossa esperança repousa na sua obra redentora.O texto (1Tm 1.1) fala de Deus, ‘nosso Salvador’ e de Cristo Jesus, ‘nossa esperança’. Temos aqui um pronome de posse, Deus é nosso, Cristo é nosso. Quem pode fazer esta declaração? Qual pessoa pode dizer ‘Jesus é minha esperança’? Somente aqueles que creem, seguem e obedecem a Jesus Cristo.A esperança é ‘nossa’, ou seja, não é individual, mas coletiva “O emprego do adjetivo ‘nosso’ e ‘nossa’, referente tanto ao Pai com a Cristo, fala do fato do crente aceitar e confessar uma relação pessoal para com ambos. E o emprego do plural, em lugar do singular ‘meu’ e ‘minha’, indica a consciência de que temos comunhão com todos os demais crentes em torno dessas gloriosas possessões”.22Cristo Jesus não é uma esperança dentre muitas que há no mundo, ele é a esperança. A humanidade tem depositado sua esperança na medicina, economia, tecnologia, política. Tem havido nos últimos tempos uma grande esperança na junção da tecnologia com a medicina. Espera-se que a união da tecnologia com a medicina traga solução para as enfermidades e também traga a retardamento da velhice.23 No entanto, por mais que a medicina avance, por mais que a tecnologia se desenvolva, jamais poderão vencer a morte. Somente Jesus Cristo venceu a morte, somente ele sarará nossas doenças para sempre, somente ele nos dará um corpo que não mais envelhecerá. Somente nele devemos esperar, somente nele há esperança verdadeira que se realiza. Solus Christus.

O poder do Filho do Homem sobre a morte

O poder do Filho do Homem sobre a morte é uma evidência que ele não é somente humano, “E, descendo eles do monte, ordenou-lhes Jesus: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do Homem ressuscite dentre os mortos” (Mt 17.9).Ele se entregou voluntariamente, “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas. Assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai” (João 10.11,15,17,18).Este mesmo ensino se encontra em Paulo “o qual se entregou a si mesmo pelos nossos pecados, para nos desarraigar deste mundo perverso, segundo a vontade de nosso Deus e Pai” (Gl 1.4).O Filho do homem se entrega voluntariamente para morrer e ressuscita pelo seu poder, “Perguntaram-lhe, pois, os judeus: Que sinal nos mostras, para fazeres estas coisas? Jesus lhes respondeu: Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei. Replicaram os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário, e tu, em três dias, o levantarás? Ele, porém, se referia ao santuário do seu corpo. Quando, pois, Jesus ressuscitou dentre os mortos, lembraram-se os seus discípulos de que ele dissera isto; e creram na Escritura e na palavra de Jesus” (João 2.18-22).O apóstolo Pedro em seu discurso em Atos afirma “porque não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção. Prevendo isto, referiu-se à ressurreição de Cristo, que nem foi deixado na morte, nem o seu corpo experimentou corrupção” (At 2.27,31). O corpo do Filho do Homem não entrou em estado de decomposição, fora preservado pelo poder divino.Apocalipse afirma o poder dele sobre a morte “e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1.18). Ele é aquele que morreu, ressuscitou e agora vive pelos séculos dos séculos.

O Filho do Homem como salvador

O Filho do Homem veio para dar a vida por muitos, “tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (20.28). Esta afirmação é feita em outras passagens das Escrituras “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc 1910); “o qual a si mesmo se deu em resgate por todos: testemunho que se deve prestar em tempos oportunos” (1Tm 2.6).Ele salva dos pecados, “Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles” (Mt 1.21); da ira divina, “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (João 3.36) e do juízo final, “e para aguardardes dos céus o seu Filho, a quem ele ressuscitou dentre os mortos, Jesus, que nos livra da ira vindoura” (1Ts 1.10).A palavra (swthria) soteria, significa ‘salvação’, ‘libertação’ e ‘preservação’. Ela aparece tendo o sentido genérico, no entanto veremos aqui a palavra aplicada a obra realizada por Cristo (Lc 1.69,77; 19.9; Jo 4.22; At 13.26,47; Rm 1.16; 10.1,10; 2Co 1.6; 6.2; Ef 1.13; Fl 1.28; 2.12; 1Ts 5.8; 2Ts 2.13; 2Tm 2.10; Hb 1.14; 2.3,10; 9.28; 1Pe 1.5,9; 2Pe 3.15; Jd 3; Ap 7.10).Hermisten Maia ensina que “A palavra Soteriologia, criada ao que parece no século XIX, provém de dois termos gregos, swthría (“salvação”) e lógoj (“palavra”, “estudo”), significando o “Estudo da Salvação”’.24Berkhof diz que “A Soteriologia trata da comunicação das bênçãos da salvação ao pecador e seu restabelecimento ao favor divino e à vida de íntima comunhão com Deus”.25A salvação está somente em Cristo, “e nos suscitou plena e poderosa salvação (swthria) na casa de Davi, seu servo, (…) para dar ao seu povo conhecimento da salvação, no redimi-lo dos seus pecados” (Lc 1.69,77); “porque Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação (swthria) mediante nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.9); “Por esta razão, tudo suporto por causa dos eleitos, para que também eles obtenham a salvação (swthriaj) que está em Cristo Jesus, com eterna glória” (2Tm 2.10).

A vinda do Filho do Homem26:O Filho do Homem virá, “Quando, porém, vos perseguirem numa cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel, até que venha o Filho do Homem” (Mt 10.23). Esta é uma passagem de difícil interpretação27, é possível que se trate do juízo divino sobre Israel no ano 70 pelo general Tito.O Filho do Homem virá cheio de majestade, “Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme as suas obras” (Mt 16.27). É o Filho do Homem que vai julgar a todos e dar a cada um a recompensa de suas obras más ou boas.A vinda do Filho do Homem será sobrenatural, “Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente, assim há de ser a vinda do Filho do Homem” (Mt 24.27); “Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória.” (Mt 24.30)Cullmann observa que “Jesus, pois, se auto-atribuiu para o fim dos tempos, o papel mais elevado que se possa conceber e é quase certo (como em Dn 7.13, onde este título é empregado coletivamente), ao dar-se Jesus este título, tem consciência de representar, em sua pessoa, o ‘remanescente de Israel’ e, por meio deste ‘remanescente’, a humanidade inteira”.28

O Filho do Homem como Juiz, Senhor e Rei (Mt 25.31-33)

Quando vier o Filho do Homem (v.31)Jesus derivou essa expressão de Daniel 7.13-14. A expressão ‘Filho do Homem’ se refere tanto a divindade quanto a humanidade de Cristo. Textos que se referem ao regresso do Filho do Homem (Mt 16.27-28; 25.31; Mc 8.38; 13.26); textos que falam dos seus sofrimentos e ressurreição (Mt 12.40; 17.12,22; 20.18,19,28; Jo 3.14); textos que falam de sua divindade (Jo 1.51; 3.13-14; 6.27,51-53,62; 8.28); textos que revelam sua natureza humana (Mt 11.19; Lc 9.58; Jo 6.53).Na sua glória, com os anjos, se assentará no seu trono glorioso, este é o trono do juízo, no entanto os justos não precisam se atemorizar, pois aquele que “no grande e terrível dia, irá ocupar o trono, é nosso Salvador, nosso Pastor, nosso Sumo Sacerdote, nosso irmão, nosso Protetor. Quando o virmos, não O temeremos”.29
Todas as nações diante dele (v.32)As nações serão reunidas diante dele, separará uns dos outros, como o pastor faz com as ovelhas e cabritos. As nações são retratadas como ovelhas e cabritos (v.33), ovelhas à sua direita e cabritos à sua esquerda. Esta distinção revela o caráter das pessoas que serão julgadas. Mateus apresenta o termo ovelha em outras passagens como sendo os discípulos de Jesus Cristo (Mt 10.16; 12.20; 26.31). O Evangelho de João também traz esta metáfora da ovelha como sendo os seguidores de Cristo (veja João 10).
Quem é este Filho do homem? É o Rei (v.34,40); o juiz (v.46). Emite a sentença condenatória. Jesus é o juiz (Mt 13.41; 16.27; 26.64; Jo 5.22,27; Fl 2.9-10), o Senhor (v.37,44). Jesus Cristo tem toda autoridade nos céus e na terra, portanto é Senhor no céu e na terra, ele é o Senhor dos anjos e dos homens.Rei, Juiz e Senhor. Isto confere ao Filho do homem a autoridade para trazer todos para serem julgados, conduzir todo processo judicial e sentencia-los. Como Rei tem o poder de reunir todos perante ele, como Juiz tem toda capacidade para julgar retamente e como Senhor tem o poder de executar sua decisão judicial.Mateus apresenta Jesus como o ‘rei dos judeus recém-nascido’ (Mt 2.2) e como o Rei humilde que se assenta no jumento (Mt 21.5); perante Pilatos Jesus faz a confissão de que é o rei dos judeus (Mt 27.11), sofre zombaria dos soldados por tal declaração (Mt 27.29); em sua acusação consta “ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS” (Mt 27.37) e sofre mais zombaria, desta vez por parte dos sacerdotes, escribas e líderes religiosos, por ser o “Rei de Israel” (Mt 27.41-42).Mas agora ele está assentado no seu trono de glória para julgar as nações como o Rei do universo, não sofrerá nenhuma zombaria de ninguém, pois é o Rei soberano. O juiz Carlos Ayres Britto, na época era presidente do Supremo Tribunal Federal, responde perguntas sobre as terras em Roraima. Havia uma pendenga entre os índios e ruralistas sobre a propriedade da terra, o Supremo decidiu que as terras pertenciam aos índios e os ruralistas disseram que não deixariam a terra. O ministro foi indagado se de fato os ruralistas deixariam a terra, a resposta foi que eles deixariam. Qual a certeza do ministro? Ele não tinha o poder para expulsar os ruralistas de lá, mas a polícia tinha. Jesus é Juiz e Senhor, tem o poder de julgar e levar a efeito sua decisão.
O Filho do Homem recompensa os justos (Mt 25.34-40)

Vinde… (v.34)Benditos de meu pai ou abençoados. Aqui lembra as bem-aventuranças de Mt 5, eles vão possuir por herança o reino que preparado desde a fundação do mundo. A salvação dessas pessoas está baseada em Deus e não em suas boas ações. A boa ação é causada pela graça de Deus na vida de suas ovelhas. Deus planejou a salvação de suas ovelhas desde antes mesmo de criar o mundo.
Por que vai possuir o reino? (vv.35-36)Tive fome e me destes de comer (v.35). Mateus descreve Jesus como aquele que alimenta o faminto em 12.1-8; 14.13-21 e 15.32-39. Em Mateus 12 Jesus autoriza a colher espigas no dia de sábado e em 14 e 15 faz a multiplicação dos pães alimentando centenas de famintos, dando comido a quem tem fome.
Alimentar ao faminto é saber que ninguém nesta vida deveria chegar de manhã e ouvir o filho pedir pão e ele ter que dizer ao filho “não temos nada para comer”. Há pessoas no Brasil que ainda passam fome, os cristãos brasileiros precisam trabalhar para isso acabe ou seja minorado.Tive sede e me destes de beber (v.35). O problema da falta de água no mundo é dramático, a falta de água em algumas regiões do Brasil é vergonhosa. Todas as pessoas deveriam ter acesso aquilo que é básico para sua vida diária. Há milhões de brasileiros que tem acesso a água com muita dificuldade e as vezes a água é de má qualidade.Era estrangeiro e me acolhestes (v.35). Acolher ao estrangeiro é saber que a terra é nossa e não minha. Os israelitas deveriam acolher os estrangeiros porque tiveram a dura experiência de serem estrangeiros no Egito. Os europeus querem expulsar os imigrantes e os paulistas querem expulsar os haitianos. Onde está a tal da hospitalidade? Mas as ovelhas de Jesus não fazem isso, pelo contrário são bons hóspedes.Fala-se hoje sobre a desglobalização, que é exatamente a construção de muros, barreiras e outros mecanismos para que as pessoas não tenham acesso a tais países. Diz-se que uma das razões da Inglaterra sair da União Europeia foi também por causa do livre acesso que os demais europeus tinham à Inglaterra.Precisei de roupas e me vestistes (v.36). É necessário distribuir roupas para quem precisa, tire suas roupas e calçados do armário e dê, não deixe mofar em seu armário. Se o armário está ficando pequeno, talvez não seja o caso de comprar um maior, mas sim de diminuir a superlotação. Estive doente e cuidastes de mim (v.36). Esta é a melhor tradução, pois deve-se ir ao doente para oferecer algum tipo de cuidado e não apenas uma visita sem mais ajuda. A irmã que ficou doente e impossibilitada de fazer as tarefas domésticas deve receber uma visita cuidadora, ou seja, as pessoas devem cuidar deste enfermo suprindo necessidades básicas como lavar a louça, limpar a casa, fazer a comida, lavar e passar roupa.O Senhor Jesus cuidou dos doentes, curou dezenas de pessoas com várias doenças e quando enviou os apóstolos deu-lhes esta ordem: “Tendo chamado os seus doze discípulos, deu-lhes Jesus autoridade sobre espíritos imundos para os expelir e para curar toda sorte de doenças e enfermidades” (Mt 10.1).Estava na prisão e fostes ver-me (v.36). “Lembrai-vos dos encarcerados, como se presos com eles; dos que sofrem maus tratos, como se, com efeito, vós mesmos em pessoa fôsseis os maltratados” (Hb 13.3). Os presos devem ser alvo de nossa visitação.

As palavras dos justos (v.37-39)

“Quando foi que fizemos isto ao Senhor”? “Quando fizeram a um de meus irmãos” (v.40,45). A pergunta importante aqui é: Quem são os irmãos de Jesus? São aqueles que fazem a vontade do Pai: “Falava ainda Jesus ao povo, e eis que sua mãe e seus irmãos estavam do lado de fora, procurando falar-lhe. E alguém lhe disse: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar-te. Porém ele respondeu ao que lhe trouxera o aviso: Quem é minha mãe e quem são meus irmãos? E, estendendo a mão para os discípulos, disse: Eis minha mãe e meus irmãos. Porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai celeste, esse é meu irmão, irmã e mãe” (Mt 12.46-50).Os irmãos de Jesus são seus discípulos e a Bíblia deixa isso bem claro em algumas passagens: “Ide, pois, depressa e dizei aos seus discípulos que ele ressuscitou dos mortos e vai adiante de vós para a Galileia; ali o vereis. É como vos digo”! (Mt 28.7). “Então, Jesus lhes disse: Não temais! Ide avisar a meus irmãos que se dirijam à Galileia e lá me verão.” (Mt 28.10)A expressão “um deste mais pequeninos” (Mt 25.45) também se refere aos discípulos de Jesus “E quem der a beber, ainda que seja um copo de água fria, a um destes pequeninos, por ser este meu discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão” (Mt 10.42).Mateus identifica o discípulo de Cristo com o próprio Cristo “Quem vos recebe a mim me recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou” (Mt 10.40). Desta maneira cria-se uma identidade entre Jesus e os seus, ou seja, quem faz algo ao discípulo de Jesus, faz ao próprio Senhor Jesus.

Donald Carson após arrazoado sobre Mateus 25.31-46 afirma:

Sem dúvida, a melhor interpretação é que os ‘irmãos’ de Jesus são seus discípulos (12.48,49; 28.10; cf. 23.8). O destino das nações será determinado pelo modo como respondem aos seguidores de Jesus, que, ‘missionários’ ou não, estão encarregados de propagar o evangelho e fazer isso em face da fome, sede, doença e prisão. As boas obras feitas aos seguidores de Jesus, mesmo ao menor deles, não só são obras de compaixão e moralidade, mas também refletem a posição na qual a pessoa permanece em relação ao reino e a Jesus mesmo.30Faça o bem todos, porém especialmente aos crentes, este é o ensino de Paulo aos Gálatas “Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gl 6.10). Calvino comenta: “Nossa comum humanidade nos torna devedores a todos; mas estamos obrigados aos crentes por um parentesco muito mais estreito, o qual Deus santifica entre nós.”31

Em I João 3.17 está escrito que deve socorrer o irmão e em Romanos 12.20 deve-se também socorrer o inimigo. Ora, conforme os textos dos Evangelhos e das cartas concluímos que a Bíblia ensina a exclusão e inclusão, o específico e o geral, o particular e o todo, o restrito e o irrestrito, o privado e o público. Deve-se socorrer o irmão e o inimigo, dando preferência ao irmão.

Por que os justos fazem o bem?

Os justos amam a Deus e ao próximo e é por isso que eles socorrem os necessitados em suas aflições. Jesus ensinou sobre o bom samaritano, os justos são como o bom samaritano, olham para o próximo com olhar de misericórdia e amor. Praticar o bem é um desdobramento do amor a Deus e as pessoas A motivação em fazer o bem não deve ser o lucro, não deve ser os elogios, não deve ser outra coisa qualquer, mas somente o amor a Deus e ao próximo.

O Filho do Homem recompensa os maus (Mt 25.41-46)

Afastai-vos de mim para o fogo eterno preparado para o diabo e seus anjos (v.41).
O juízo aparece em termos de separação de Deus, associação com o diabo e seus demônios, fogo e trevas (v.41).Por que vai para o fogo eterno? Não deram comida ao faminto (v.42); água para quem estava com sede (v.42); não acolheram o estrangeiro (v.43); não vestiram o nu (v.43); não cuidaram do doente (v.43); e não visitaram o preso (v.43). Jesus diz que os malditos não fizeram nenhuma dessas coisas a ele.O que ocorre em Mateus 25.31-46 é o que já fora dito por Jesus “Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme as suas obras” (Mt 16.27).

As palavras dos malditos (v.44)
Quando foi que não cuidamos de ti? (v.44) ‘Não fizeram a um destes mais pequeninos, deixaram de fazer a mim’ (v.45). Há uma estreita relação entre os discípulos de Cristo e Cristo. Fazer ou deixar de fazer algo para um servo de Cristo é o mesmo que fazer e não fazer para o próprio Cristo. Estes que não fizeram estas obras irão para o castigo eterno (v.46).Há pessoas que dizem que o castigo não será eterno, no entanto, o verso 46 deixa isso bem claro, “A eternidade de Deus, do céu e do inferno repousam sobre a mesma base. É tão certo haver no céu um dia sem fim e no inferno uma noite de infinita duração, como Deus é eterno”.32

Eles vão para o fogo eterno porque deixaram de fazer o bem e não porque praticaram o mal
Tiago “aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz está pecando” (Tg 4.17). Não é dito que eles adulteraram, não é dito que eles assassinaram, não é dito que eles estupraram, não cometeram idolatria. Eles vão para o castigo eterno não porque cometeram crimes hediondos, mas sim porque deixaram de fazer o bem ao próximo. Pecaram por omissão, por negligência. Deste modo, neste “quadro de grande julgamento não é tanto a prática positiva do mal que evoca a censura mais severa, como a completa negligência da prática do bem. Os pecados de omissão são vistos como até mais condenáveis do que os pecados da comissão”.33Quais as causas destes malditos não fazerem o bem? São insensíveis aos sofrimentos do próximo, estão preocupados apenas com seu umbigo, não obedecem a Palavra de Deus. Acham que não devem ocupar o seu tempo e dinheiro com os menos favorecidos, com os necessitados. Os malditos ocupam-se somente consigo mesmos e com sua descendência, seus planos são crescer e expandir e se esquecem totalmente do outro, na verdade os malditos vivem como se o outro não existissem.Os malditos são condenados “porque deram ouvidos à sugestão do diabo de que o interesse próprio deve ser a motivação primordial da conduta; e, em consequência, fecharam os olhos para o drama da miséria humana, e fizeram ouvido mouco para os clamores dos seus semelhantes padecentes”.34

O Filho do Homem no Evangelho de João

No Evangelho de João o redentor é chamado ‘Filho de Deus’, ‘Filho unigênito’, ‘Filho’ e ‘Filho do Homem’. Algumas passagens do Evangelho de João mostram quem é este ‘Filho do Homem’ e sua obra. Cullmann diz que “Coisa característica para o Evangelho de João: ao empregar este título quase sempre o faz para sublinhar a majestade do Filho do Homem e não para pôr em relevo a debilidade inerente à sua humanidade”.35

O Filho do Homem é divino

O Filho do Homem veio do céu36 “Ora, ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do Homem [que está no céu]” (João 3.13); dá a vida eterna, “Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tendes vida em vós mesmos” (João 6.53).O Filho do Homem é o grande ‘EU SOU’, “Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do Homem, então, sabereis que EU SOU e que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou” (João 8.28).O profeta Daniel aponta para a divindade do Filho do Homem, “…ainda parece seguro argumentar que as declarações do Filho do Homem devem ser interpretadas à luz de Daniel 7.13ss. Se for assim, existe uma relação direta com a questão do ensino do sinóticos quanto à preexistência de Cristo, porque o Filho do Homem de Daniel é quase indubitavelmente uma figura divina. Ele é super-humano (não um filho de homem, mas como um filho de homem); ele exerce um domínio que é universal e eterno; e ele vem ‘com as nuvens do céu’ (v. 13)”.37Oscar Cullmann segue esta mesma conclusão ao dizer que na “antiga dogmática se opunha frequentemente o ‘Filho do Homem’ ao ‘Filho de Deus’. Do ponto de vista do dogma ‘Verdadeiro Deus e verdadeiro homem’, proclamando mais tarde, a qualificação de ‘Filho do Homem’ era considerada como expressando unicamente a natureza ‘humana’ de Jesus, por oposição a sua natureza ‘divina’. Não se conhecia, então, as especulações judaicas relativas à figura do Filho do Homem e não se percebia que Jesus, ao aplicar-se este título, conferia a si mesmo um caráter celestial, até divino”.38

O Filho do Homem é o Filho de Deus

O NT ensina que o Filho do Homem é o mesmo Filho de Deus e o Evangelho de João usa os termos de modo a identificar a mesma pessoa, “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela que subsiste para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos dará; porque Deus, o Pai, o confirmou com o seu selo” (Jo 6.27). O Filho do Homem tem Deus como seu Pai, daí a identidade do Filho de Deus com a do Filho do Homem.O apóstolo “Paulo usa a denominação ‘Filho de Deus” (hyios theou) raras vezes, comparativamente: 15 vezes contra 184 situações em que usa kyrios. Contudo, quando a usa, ele o faz em passagens de importância fundamental para sua teologia: primeiro, em descrições da iniciativa redentora de Deus (Rm 8.3; Gl 4.4); segundo, em alusões ao sacrifício de Cristo (Rm 5.10; 8.32); e, terceiro, em relação ao Cristo exaltado (1Co 15.24-28)”.39O Filho revela o Pai em todos os sentidos, “A ideia principal é que o Filho é o charakter do Pai, e essa ideia é fortalecida pela introdução da palavra hypostasis. O Filho é a impressão, o carimbo exato da própria natureza de Deus, de seu ser real. Ele é a mesma hypostasis repetida. Ela existe em uma forma no Pai, em outra no Filho. Partindo desse ponto de vista, se tomarmos hypostasis em seu sentido capadócio (pessoa), não podemos dizer que a pessoa do Filho é a imagem exata da pessoa do Pai, porque (em termos capadócios) o Filho é gerado/ criado, e o Pai não. O que é duplicado, exatamente, no Filho, é a natureza ou ser do Pai, razão pela qual ele próprio podia dizer: ‘Quem me vê a mim vê o Pai’ (Jo 14.9)”.40Na qualidade de Filho fala as palavras de Deus, “Na mente do autor de Hebreus, Jesus Cristo, o Filho de Deus, é um profeta, o maior profeta, o último e definitivo profeta, uma vez que ele é superior aos profetas, anjos, a Moisés e a todos os outros possíveis competidores”.41O Filho de Deus, Filho do Homem é o sacrifício perfeito para adquirir a redenção, “A diferença mais crucial de todas, com certeza é que os sacrifícios dos sacerdotes eram apenas sacrifícios com animais, os quais não possuíam nenhum poder intrínseco para fazer expiação por pecados humanos, enquanto que o sacrifício de Cristo foi o sacrifício dele mesmo, o Filho de Deus, que era simultaneamente homem imaculado. Como tal, ele era ao mesmo tempo sacerdote e vítima, ofertante e oferta. O mérito e o valor de sua auto oferta foram infinitamente superiores ao mérito e ao valor das ofertas oferecidas pelos sumos sacerdotes”.42

O Filho do Homem no apóstolo Paulo

Pode-se selecionar alguns textos em Paulo para tratar do Filho do Homem (1Co 15.45; Rm 5.12-21; Fp 2.5-11; 1Tm 2.5). Estas passagens são importantes quando tratamos do assunto, embora nestes textos não se use a expressão ‘Filho do Homem’, contudo, evidenciam o entendimento paulino de que o Filho do Homem é o segundo Adão.O primeiro Adão caiu e levou toda a humanidade para o abismo e distanciamento de Deus, o segundo Adão, o Filho do Homem, veio e trouxe restauração para o erro do primeiro, percebe-se que Paulo se utiliza da categoria de Filho do Homem para identifica-lo como o segundo Adão reparador. Oscar Cullmann diz que segundo “Paulo, o homem celestial Jesus, não só não é idêntico a Adão, mas pelo contrário, veio reparar a falta de Adão, isto é, cumprir a missão que o primeiro homem não cumpriu. Paulo não admite que haja dois ‘primeiros’ homens’, dos quais o primeiro seria o de Gn 1.27 e o segundo o de Gn 2.7”.43Contudo, Cullmann faz uma ressalva “se houver uma identidade entre Adão e o Filho do Homem Jesus, esta não reside em sua pessoa, mas em sua missão, a missão de representar a imagem de Deus. Porém, no que diz respeito à execução da missão, se opõem radicalmente um ao outro: Adão foi infiel, pecou; e, por conseguinte, toda a humanidade se tornou pecadora; isto é, ela deixou de ser a imagem de Deus. Um só ser é a exceção: o homem celestial que já existia desde o começo e que não estava na terra e que não veio a ela senão como ‘homem’ encarnado”.44Este segundo Adão é a grande esperança da humanidade caída, somente pode reparar o que o primeiro Adão estragou. Esta ideia se encontra mui claramente no texto de Romanos 5.12ss.Cullmann faz um belo contraste ao dizer que como “pecadores estamos relacionados com Adão, o primeiro homem; como resgatados, estamos com Cristo. Aqui também aparecem, com clareza, a unidade e a diferença entre o primeiro homem e o homem celestial. Em sua ação, um e outro, englobam uma multidão: em um pelo pecado, no outro pela expiação, cuja força tem de ser necessariamente superior à do pecado. Deste modo Paulo resolveu o antigo problema judaico da relação entre o primeiro Homem e o homem celestial”.45

O Filho do Homem em João Calvino

Calvino entende que o mediador teria que ser Filho de Deus e Filho do Homem, entendendo que a expressão ‘Filho do Homem’ se relaciona com a sua humanidade:[1539] O que dissemos ficará mais evidente [1536] se não transformarmos em coisa vulgar o ofício de Mediador. Tão grandioso ofício que, pela graça, Ele nos restaurou, fazendo-nos Seus filhos, a nós que éramos filhos dos homens, e fazendo-nos herdeiros do reino celestial, a nós que éramos herdeiros do inferno. Quem poderia fazer isso, a não ser que o Filho de Deus fosse feito Filho do homem e de tal maneira tomasse a nossa condição que nos transferisse a Sua? Que aquilo que Lhe é próprio por natureza, fizesse nosso pela graça? Temos, pois, confiança em que somos filhos de Deus, tendo este penhor, que o Filho natural de Deus assumiu corpo do nosso corpo, carne da nossa carne, ossos dos nossos ossos, para estar unido a nós; o que nos é próprio, Ele recebeu em Sua Pessoa, a fim de que, o que Ele tem de propriamente Seu, nos pertença; e assim Ele fosse, em comunhão conosco, Filho de Deus e Filho do homem.46Calvino combate aqueles que resistem ao ensino de que Cristo é humano e se utiliza da expressão ‘Filho do Homem’ para fundamentar esta interpretação: O mesmo apóstolo testifica noutro lugar que Jesus descende dos judeus. Por essa razão Ele próprio, não se contentando em chamar-se homem, chama-se a Si mesmo Filho do homem, querendo dizer com isso que Ele é homem, gerado de semente humana. E, tendo o Espírito Santo expresso essa verdade tantas vezes e por meio de tão diversas bocas, diligentemente e com tanta clareza, como podem os homens ser tão atrevidos que cheguem ao ponto de tergiversar, fugindo dessa verdade evidente?47Calvino comentando o texto de João 3.13 diz “[1536] Por outro lado, quando Cristo disse que “ninguém subiu ao céu, senão aquele que de lá desceu, a saber, o Filho do homem que está no céu” certo é que Ele não estava no céu em corpo; mas, sendo Ele Deus e homem, em razão da união das Suas duas naturezas, atribuiu a uma o que é próprio da outra”.48Calvino de modo belíssimo mostra a relação do Filho de Deus e Filho do Homem como sendo a mesma pessoa:Com efeito, que se diz o Verbo haver-Se feito carne (Jo 1.14), não se deve assim entender que se haja sido Ele ou convertido em carne, ou confusamente misturado à carne; ao contrário, porque no ventre da Virgem para Si escolheu um templo em que habitasse, e Aquele Que era o Filho de Deus Se fez o Filho do Homem, não mediante confusão de substância, mas mercê de unidade de pessoa. Pois, na verdade, afirmamos ser a Divindade assim associada e unida à humanidade que a cada natureza permaneça integral sua propriedade e, todavia, dessas duas constitua um Cristo único.49O Filho do Homem nos fez filhos de Deus, “Esta é a permuta que, em Sua bondade infinita, Ele quis fazer conosco: Recebeu nossa pobreza, e nos transferiu Suas riquezas; levou sobre Si a nossa fraqueza, e nos fortaleceu com o Seu poder; assumiu a nossa mortalidade, e fez nossa a Sua imortalidade; desceu à terra, e abriu o caminho para o céu; fez-se Filho do homem, e nos fez filhos de Deus”.50Não encontraremos uma teologia do Filho do Homem em Calvino, embora encontremos nas Institutas pistas da concepção do reformador sobre o tema. Percebe-se nas Institutas que Calvino segue a interpretação histórica de conceber a noção de Filho do Homem a humanidade do redentor e não ao seu caráter celestial, divino.

Considerações finais

A noção de Filho do Homem é muito cara ao estudo do NT e à sua cristologia. Vimos que Jesus se identifica com o Filho do Homem e por várias ocasiões nos Evangelhos ele se declara ser o Filho do Homem. Esta mesma noção encontramos em Paulo e em outros escritos do NT.Este Filho do Homem é apresentado como sendo do céu e da terra, divino e humano, é ele o segundo Adão restaurador de todas as tragédias advindas por meio do primeiro Adão que pecou e levou toda a humanidade para a destruição e morte. Ele é o homem celestial de Daniel 7.13ss.Os sinóticos apresentam o Filho do Homem considerando mais o seu aspecto humano, embora seja nos sinóticos que o Filho do Homem tem poder sobre os demônios, as enfermidades e até mesmo o poder para perdoar pecados. No que tange a sua humanidade, o Filho do Homem é traído, preso e morto pelos pecadores, mas isto se dá porque ele se sujeita tais procedimentos para cumprir sua obra redentora.O Filho do Homem nos sinóticos é ainda apresentado como o salvador dos perdidos, no entanto, um dos ensinos enfáticos é que ele virá do céu com as nuvens, ou seja, a vinda do Filho do Homem é pintada com várias cores para que o leitor fique cônscio de que ele virá com poder, glória, majestade e com seus anjos, ou seja, este Filho do Homem é muito poderoso e virá para retribuir a cada um segundo as suas obras.Vimos que a autoridade do Filho do Homem não consiste apenas em perdoar pecados, mas também ele exerce poder sobre a morte. Ora, quem tem poder sobre a morte senão alguém de extremo poder, mas não um poder humano, mas sim, divino. Este poder sobre a morte que tem o Filho do Homem confere a graça de ressuscitar os seus quando chegar a hora apropriada. Vimos que este Filho do Homem é o Cristo. Aqui se expressa ainda mais claramente o poder e a obra do Filho do Homem, pois o Cristo é o messias, salvador, libertador, era nele que o povo depositava sua esperança de restauração. Cullmann diz que Jesus toma para si a noção de Filho do Homem e a identifica com a de Cristo, ele próprio não dizia abertamente ser o messias, mas dizia ser o Filho do Homem, sendo que fazendo tudo que o Messias/Cristo faz.O Filho do Homem é o supremo juiz. Esta característica do Filho do Homem é muito importante para o conceito de justiça e também pelo anseio de justiça que os cristãos nutrem em seus corações. O juiz julgará todo e cada ser humano para dar a cada um a paga de suas obras. Os cristãos e não cristãos comparecerão diante do Filho do Homem, supremo juiz para serem julgados por ele e receberão os frutos de suas ações. O Filho do Homem é divino, é o Filho de Deus. Estes dois conceitos estão relacionados, pois o Evangelho de João aponta que o Filho de Deus é divino e que o Filho de Deus e o Filho do Homem é a mesma pessoa. Sendo assim fica claro que o Filho do Homem é um ser divino que opera com grande poder celestial para realizar as obras que seu Pai determinou que realizasse para glória do Pai e a salvação de seu povo.Oscar Cullmann conclui que Jesus “expressou pelo título ‘Filho do Homem’ sua convicção de haver realizado a obra do homem celestial. E isto de duas maneiras: por um lado, no fim dos tempos na glória conforme a esperança de certos meios judaicos; e por outro, na humilhação da encarnação no seio da humanidade pecadora…”.51Infelizmente ainda não existem estudos aprofundados e que dê a devida importância ao conceito neotestamentário de Filho do Homem, Oscar Cullmann conclui seu capitulo sobre o Filho do Homem com estas palavras:

Seria mais importante ainda que um dogmático moderno empreendesse a tarefa de edificar uma cristologia baseada na ideia neotestamentária de Filho do Homem. Semelhante cristologia apresentaria uma dupla vantagem: primeiro, estaria inteiramente centrada no NT e associada a um título que Jesus reivindicou para si mesmo. Em segundo lugar, o problema (o problema, logicamente insolúvel) das duas naturezas em Cristo, se encontraria transferido a um terreno sobre o qual se pudesse encontra a solução: o Filho do Homem preexistente, que está com Deus desde o princípio e que existe com ele como sua imagem já é, por sua essência, homem divino. A penosa discussão que outrora dominou as controvérsias cristológicas seria assim superada.52

De fato, causa curiosidade como teólogos que tem bons escritos cristológicos não atentaram para a relevância deste assunto, sendo que o próprio Senhor Jesus devotou a ele tanta atenção. Espero que este clamor de Cullmann tenha sido ouvido, caso alguém ainda não tenha ouvido, então que nossa geração o escute e trabalhe nesta obra de desenvolver uma cristologia baseada na ideia de Filho do Homem.Tenho clara compreensão que apenas esbocei aqui algumas ideias concernentes a Jesus como Filho do Homem e que muito ainda se deve fazer em prol do desenvolvimento desta noção neotestamentária. Certamente estudos exegéticos e teológicos contribuirão para o maior aprofundamento deste tema.Meu desejo sincero é que o Deus dos céus e da terra me revele Jesus Cristo, meu salvador, Senhor, Mestre, o Filho de Deus, Filho do Homem e ao mesmo tempo todo o povo de Deu espalhado pela face da terra seja abençoado com este conhecimento. Amém!

 

1 CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Editora Custom, 2004, p. 1812 CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Editora Custom, 2004, p. 1813 CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Editora Custom, 2004, p. 1814 CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Editora Custom, 2004, p. 1985 LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2001. P. 230.6 CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Editora Custom, 2004, p. 207.7 CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Editora Custom, 2004, p. 244.8 REIFLER, Hans Ulrich. A Ética dos Dez Mandamentos. São Paulo: Vida Nova, 1992, p. 919 NETO, Emílio Garófalo. A busca humana na diversão sob a ótica bíblica de criação-queda-redenção: In: Fides Reformata. São Paulo: Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper, XVI/2. P. 47, 201110 SANTO, Agostinho. As Confissões. São Paulo: Nova Cultural, 1999, p. 3711 [Porque o Filho do Homem veio salvar o que estava perdido.] (Mt 18.11)12 HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, (1Tm 1.1), p. 68, (nota 19)13 HIEBERT, D. Edmond. A primeira Epístola a Timóteo. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1965, (1Tm 1.1), p. 18.14 No caso genitivo: Atos 23.6; 26.7; 28.20; Romanos 15.13; Colossenses 1.23; 1Tessalonicenses 1.3; 1Timóteo 1.1; Hebreus 3.6; 6.11,18; 7.19; 10.23; 1Pedro 3.15. O caso genitivo mostra se o substantivo está especificando, definindo, descrevendo algo, ou indicando posse. Em muitas ocasiões indica posse.15 No caso nominativo: Atos 16.19; 27.20; Romanos 5.5; 8.24; 1Coríntios 13.13; 2Coríntios 1.7; Efésios 1.18; Colossenses 1.27; 1Tessalonicenses 2.19. O caso nominativo é usado para indicar o sujeito de uma oração principal ou subordinada.16 No caso acusativo: Atos 24.15; Romanos 4.18; 5.4; 15.4; 2Coríntios 3.12; 10.15; Gálatas 5.5; Efésios 2.12; Fp 1.12; Colossenses 1.5; 1Tessalonicenses 4.13; 5.8; 2Tessalonicenses 2.16; Tito 2.13; 3.7; 1Pedro 1.3,21; 1João 3.3. O acusativo é o objeto direto da frase.17 No caso dativo: Atos 2.26; 26.6; Romanos 4.18; 5.2; 8.20,24; 12.12; 15.13; 1Coríntios 9.10; Efésios 4.4; Tito 1.2. O dativo é o caso que identifica a palavra que está funcionando como objeto indireto da frase, isto é, a pessoa ou coisa a quem ou a que algo é realizado.18 HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito. 2 ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2011, (1Tm 1.1), p. 7019 HIEBERT, D. Edmond. A primeira epístola a Timóteo. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1965, (1Tm 1.1), p. 2020 HIEBERT, D. Edmond. A primeira epístola a Timóteo. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1965, (1Tm 1.1), p. 2021 CALVINO, João. As Pastorais. São Paulo: Edições Paracletos, 1998, (1Tm 1.1), p. 2622 HIEBERT, D. Edmond. A primeira epístola a Timóteo. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1965, (1Tm 1.1), p. 20.23 Pode-se observar este fenômeno em filmes, comerciais e séries. Muita série de TV tem abordado este tema da união entre tecnologia e medicina. O filme Elysium retrata esta ideia, na estação espacial Elysium há máquinas capazes de curar as pessoas. Na série Pure Genius (Puro Gênio), há uma combinação entre tecnologia e medicina para curar praticamente todas as doenças24 COSTA, Hermisten Maia Pereira da. Soteriologia. São Paulo: trabalho ainda não publicado, p. 1425 Louis Berkhof. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 1990, p. 41526 Confira outros textos (Mateus 24.37,39,44)27 Cf. CARSON, D. A. O Comentário de Mateus. São Paulo: Shedd Publicações, 2010, p. 298-302. Carson apresenta várias interpretações desta passagem28 CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Editora Custon, 2004, p. 205-20629 RYLE, J. C. Comentário do Evangelho Segundo S. Mateus. São Paulo: Imprensa Metodista, 1959, p. 12830 CARSON, D. A. O Comentário de Mateus. São Paulo: Shedd Publicações, 2010, p. 60231 CALVINO, João. Gálatas. São Paulo: Edições Paracletos, 1998, p. 18532 RYLE, J. C. Comentário do Evangelho Segundo S. Mateus. São Paulo: Imprensa Metodista, 1959, p. 12933 TASKER, R. V. G. Mateus: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristã, 1980, p. 19034 TASKER, R. V. G. Mateus: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristã, 1980, p. 18935 CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Editora Custon, 2004, p. 24336 Cf. “Que será, pois, se virdes o Filho do Homem subir para o lugar onde primeiro estava”? (João 6.62)37 MACLEOD, Donald. A pessoa de Cristo. São Paulo: Cultura Cristã, 2007. P.6238 CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Editora Custon, 2004, p. 21339 MACLEOD, Donald. A pessoa de Cristo. São Paulo: Cultura Cristã, 2007. P.9140 MACLEOD, Donald. A pessoa de Cristo. São Paulo: Cultura Cristã, 2007. P.8741 LETHAM, Robert. A obra de Cristo. São Paulo: Cultura Cristã, 2007. P. 9342 LETHAM, Robert. A obra de Cristo. São Paulo: Cultura Cristã, 2007. P. 11043 CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Editora Custom, 2004, p. 22244 CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Editora Custom, 2004, p. 22345 CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Editora Custom, 2004, p. 22846 CALVINO, João. As Institutas, II.4.82. Edição especial47 CALVINO, João. As Institutas, II.4.85. Edição especial48 CALVINO, João. As Institutas, II.4.86. Edição especial49 CALVINO, João. As Institutas, II.14.1.50 CALVINO, João. As Institutas, IV.12.3. Edição especial51 CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Editora Custon, 2004, p. 21552 CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Editora Custom, 2004, p. 251

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBAILLIE, Donald M. Deus Estava em Cristo. 4 ed. São Paulo: Aste, 2012.BAVINCK, Hermann. Teologia Sistemática. Santa Barbara d´Oeste: Socep, 2001.BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. São Paulo: Cultura Cristã, 1990.BERKOUWER, G.C. A pessoa de Cristo. 2 ed. São Paulo: ASTE, 2011.CALVINO, João. As Institutas. 2 ed. São Paulo: Cultura Cristã, (edição clássica), 2006.CALVINO, João. As Institutas. São Paulo: Cultura Cristã, (edição especial), 2006.CALVINO, João. As Pastorais. São Paulo: Edições Paracletos, 1998.CALVINO, João. Gálatas. São Paulo: Edições Paracletos, 1998.CAMPOS, Heber Carlos de. A humilhação do redentor. São Paulo: Cultura Cristã, 2008.CAMPOS, Heber Carlos de. A união das duas naturezas do redentor. São Paulo: Cultura Cristã, 2005.CARSON, D. A. O Comentário de Mateus. São Paulo: Shedd Publicações, 2010.CONFISSÃO DE FÉ DE WESTMINSTER. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.COSTA, Hermisten Maia Pereira da. Eu Creio no Pai, no Filho e no Espírito Santo. São Paulo: Fiel, 2014.CULLMANN, Oscar. Cristologia do Novo Testamento. São Paulo: Editora Custom, 2004.FERREIRA, Franklin e MYATT, Alan. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2007.GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1999.HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – 1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito. São Paulo: Cultura Cristã, 2011.HERMISTEIN, Maia Pereira da Costa. Soteriologia. São Paulo: trabalho ainda não publicado.HIEBERT, D. Edmond. A primeira Epístola a Timóteo. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1965.LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2001.LETHAM, Robert. A obra de Cristo. São Paulo: Cultura Cristã, 2007.MACGRATH, Alister E. Teologia sistemática, histórica e filosófica. São Paulo: Shedd Publicações, 2005.MACLEOD, Donald. A pessoa de Cristo. São Paulo: Cultura Cristã, 2007.NETO, Emílio Garófalo. A busca humana na diversão sob a ótica bíblica de criação-queda-redenção: In: Fides Reformata. São Paulo: Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper, XVI/2, 2011.REIFLER, Hans Ulrich. A Ética dos Dez Mandamentos. São Paulo: Vida Nova, 1992.RYLE, J. C. Comentário do Evangelho Segundo S. Mateus. São Paulo: Imprensa Metodista, 1959.SANTO, Agostinho. As Confissões. São Paulo: Nova Cultural, 1999.TASKER, R. V. G. Mateus: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova e Mundo Cristã, 1980.STOTT, John. A Cruz de Cristo. São Paulo: Vida, 1991.TURRETINI, François.

Outros Artigos sobre - Cristologia

JESUS CRISTO O FILHO DO HOMEM

Categoria – Cristologia JESUS CRISTO O FILHO DO HOMEM Ubiracy L. Barbosa Introdução Pretende-se neste estudo demonstrar a relevância bíblica e teológica da cristologia do Filho do Homem. Infelizmente não

Leia mais »