Categoria - Mordomia e Serviço

A SAÚDE DO CRISTÃO

Antonio Gilberto da Silva

O obreiro do Senhor não é uma pessoa imune às doenças. Ele precisa precaver-se e fazer o que estiver ao seu alcance, segundo o esclarecimento que tiver, para conservar a saúde e procurar evitar as enfermidades. Com tantas medidas profiláticas da atualidade, conhecimentos médicos sempre crescentes e atualizados, equipamentos de saúde cada vez mais sofisticados, medicamentos novos e mais eficazes, era de esperar-se que as enfermidades regredissem, mas o que vem acontecendo é exatamente o inverso.Deus pode graciosamente conceder-nos uma saúde estável através dos anos, porém, antes de tudo, é nosso dever tomar todas as precauções possíveis nesse sentido. Há na Bíblia homens que tiveram uma saúde de ferro, como Moisés, Calebe, Samuel e Barzilai. A Bíblia mesmo dá testemunho disso. Ao mesmo tempo temos casos de homens de Deus que tiveram saúde precária e outros que morreram de doença.O poderoso profeta Eliseu morreu doente. O piedoso rei Ezequias adoeceu gravemente, quase morreu, mas foi curado por Deus. Lázaro, a quem Jesus muito amava, adoeceu e logo a seguir faleceu. Epafrodito, um pastor auxiliar do apóstolo Paulo quase morreu de doença, mas foi curado. Trófimo, outro companheiro de viagem do apóstolo Paulo adoeceu gravemente e teve que ficar no porto de Mileto (hoje, parte da Turquia). Timóteo, um pastor de renome, teve constantes problemas de saúde. Estes são apenas alguns dos casos que a Bíblia registra.

Uma enfermidade que vem atingindo um crescente número de obreiros de todas as categorias, inclusive pastores de igrejas, é a depressão – uma doença psicossomática que manifesta-se como um distúrbio psiconeurótico; uma forma de neurose primária, partindo quase sempre de perturbações e anomalias do psiquismo da pessoa, ocasionados por agentes diversos.Quando a Bíblia foi inicialmente traduzida para o português, o termo depressão ainda não era cunhado no campo das enfermidades, mas o quadro clínico da doença é referido em passagens como Provérbios 18:14, “o espírito abatido”; “o espírito abatido virá a secar os ossos” (Pv 17:22); “a tristeza segundo o mundo opera a morte” (2Co 7:10) etc.A depressão gera um quadro oposto ao do nosso viver normal, que deve ser o da alegria, entusiasmo, otimismo e disposição alegre de viver o dia a dia com suas variadas atividades. A depressão tornou-se hoje uma enfermidade emocional recorrente a curtos intervalos, o que não ocorria desta forma até as primeiras décadas do presente século. Pior: ela tornou-se praticamente epidêmica na atualidade. É também o caso de outras doenças quase sempre de fundo nervoso, como as cardiovasculares, alergias, artrites, reumatismos em geral, dermatites, doenças do sistema digestivo etc.

Sintomas mais comuns da depressãoOs mais comuns são abatimento psicofísico com indisposição geral. Tristeza aparentemente sem causa. Predisposição para chorar fácil, sem justificativa para isso. “Agonia” na mente do paciente, isto é, uma forma de inquietação mental. Desejo de isolamento (não isolamento por natureza, mas a pessoa sabe que esse isolamento não lhe é anormal). Dificuldade de concentrar-se ao pensar e ao fazer as coisas (daí muitos acidentes de trabalho doméstico ou fabril, sem explicação).A pessoa desgosta-se e magoa-se com facilidade quando não costuma ser assim. Melancolia. Sentimento de autoindignidade e de autorrejeição. Tédio. Sentimento de abandono sem razão para isso. Fragmentação do raciocínio lógico, isto é, a depressão afeta os processos lógicos da razão.

Tipos mais comuns de depressão

A depressão de fundo orgânico, cujo agente causal inicial pode ser o excesso contínuo de labor físico, com o agravante de o portador não procurar suprir o seu organismo dos necessários nutrientes alimentares.A depressão de fundo psicogênico, que pode vir dos encargos mentalmente pesados além do normal, e continuado. Não se trata aqui apenas do fluxo de atividade mental, mas do seu peso, advindo das responsabilidades da pessoa. Ver Salmo 55:6-8, em que o rei Davi, estando em seu palácio na cidade queria “voar com asas como pomba” para refugiar-se no deserto.A depressão de fundo hereditário, proveniente de tendências e predisposições herdadas. Então se diz que o filho “puxou” ao pai, em determinado tipo de comportamento. Portadores de problemas emocionais costumam ser propensos à depressão.A depressão de origem maligna, que o clínico, a menos que seja um cristão experiente e maduro na fé, dificilmente a diagnostica como tal. Em Mateus 17 temos o caso de um rapaz cujos pais diziam ser ele um “lunático” (hoje epilético), porque apresentava sintomas condizentes com os conhecimentos da época, quando na realidade tratava-se de demônios, os quais Jesus expulsou, libertando aquele rapaz. Não era propriamente um caso de doença e, sim, de libertação. Foi, sem dúvida, o caso da estranha e misteriosa melancolia colérica do rei Saul em 1 Samuel 16 e noutras passagens bíblicas.As drogas, quase todas, têm também efeito depressivo e provocam desordem mental em seus usuários.

A profilaxia da depressão

Antigamente, apenas certas pessoas, quase sempre a partir da meia-idade, apresentavam problemas depressivos e, ainda assim, a longos intervalos. Hoje, como já dissemos, a depressão praticamente generalizou-se, inclusive na faixa etária infanto-juvenil. Na Bíblia temos casos como o de Jó, em que, além da provação divina, a depressão sem dúvida instalou-se nele (Jó 3:11).O caso do profeta Elias, registrado em 1 Reis 19. Ele estava enfrentando uma crise interior prolongada, mas que agora tornou-se aguda. Ele, por sua vez, agravou o quadro geral. Deveria ter evitado ficar no deserto e também não deveria ter dispensado a companhia do seu auxiliar (Geazi). A depressão agrava-se com o isolamento. Uma boa linha de defesa para minorar a depressão é a companhia de um bom e santo amigo para comunicar-se e aconselhar-se.O caso do profeta Jonas é notório, quando, devido a uma ninharia, ele desejou a morte (Jn 4). O profeta Jeremias provavelmente enfrentava um quadro depressor, segundo o que está revelado no seu livro (Jr 20).

O tratamento e a cura da depressão

Aqui, um fator altamente coadjuvante é cada um ter um conhecimento, pelo menos sumário, dos elementos depressores que podem dar origem e desencadear a depressão. Isso pode ser o assunto de um futuro artigo. Psicotrópicos, antidepressivos e tranquilizantes podem produzir apenas alívio temporário, mas não curam.

a) Terapia especializada, com suas medidas recomendadas e obedecidas. O tratamento deve ser rigorosamente acompanhado pelo facultativo. Medidas hígicas, companhias idôneas, meio ambiente, ocupação e tarefas práticas, viagens relativamente curtas e convenientemente acompanhadas, segurança interior da pessoa etc.

b) Cura divina mediante a confiança nas seguras promessas de Deus, expostas na Bíblia. Jesus curou multidões de enfermos de todos os tipos. Ele continua hoje curando os enfermos, por sua misericórdia, graça e amor (Mc 18:19). Aqui entra o maravilhoso recurso da oração. O óleo não cura ninguém; nem aquele que ora é curandeiro, É Jesus quem responde às orações e cura os enfermos, segundo a Sua vontade e para a Sua glória. Aqui entram também os maravilhosos dons espirituais de cura divina, segundo o ensino bíblico do Novo Testamento.

A depressão instala-se como uma forma de neurose primária. Se não for tratada, ela pode se tornar em psicose – uma forma de paranoia, já muito pior.

“Amado, desejo que te vá bem em todas as coisas, e que tenhas saúde, assim como bem vai a tua alma.” (2Jo 2).

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