Categoria - Aconselhamento Cristão

COMPAIXÃO RADICADA NO EVANGELHO QUE TRANSFORMA

Byron D. Klaus

A realidade das tragédias humanas que hoje acontecem não pode ser evitada recusando-se simplesmente reconhecer seu significativo impacto sobre boa parte do mundo. As estatísticas indicam que, em 2005, 16 milhões de crianças na África terão ficado órfãs por causa da AIDS. Outras 35.000 crianças morrem diariamente por causa de doenças passíveis de prevenção, normalmente relacionadas à deficiência de água limpa e saneamento. Uma indústria de sexo massivo aproveita-se dos pobres do mundo não-ocidental, onde os pais vendem filhos para a prostituição simplesmente para conseguirem a si mesmos sobreviver. Como indivíduos, ainda que nosso coração possa partir sob a prospecção de milhões de pessoas morrendo de fome na Etiópia no ano que vem, nossa resposta corporativa como cristãos pentecostais requer mais do que comiseração ou mesmo empatia. O desafio de uma resposta que faça sentido e biblicamente abonada requer consciência honesta e completa de nossa história como pentecostais e nosso posicionamento no espectro mais amplo do Cristianismo americano.

Um enfoque históricoDesde o início, o movimento das Assembleias de Deus se comprometeram com “a maior evangelização que o mundo já vira”. Temos sido motivados a “trabalhar… enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.” (Jo 9.4), porque acreditamos no retorno de Jesus Cristo em breve. O poder outorgado pelo batismo no Espírito Santo e a crença de que o retorno de Jesus está às portas tem historicamente motivado os pentecostais a esforços missionários concentrados no sentido de plantar igrejas indígenas.Desde cedo os pentecostais definiram este ponto focal claramente. Em 1920, J. Roswell Flower escreveu na revista Pentecostal Evangel, “A comissão pentecostal é a de testemunhar, testemunhar, TESTEMUNHAR… É tão fácil ficar nas laterais para fazer trabalhos muito bons em si mesmos, mas ínfimo segundo o padrão pentecostal”.Alice Luce, estrategista em missões das AD, sintetiza o ponto focal pentecostal: “Ao sairmos para pregar o Evangelho pleno, vamos esperar uma experiência como aquela dos missionários denominacionais ou devemos procurar os sinais a seguir?”É muito claro que os esforços pentecostais para alcançar o mundo foram focados na evangelização que planta igrejas no poder do Espírito Santo. É historicamente compreensível também porque o escopo deste ministério foi tão contundente. O século XIX foi o que os historiadores chamaram de “Século Cristão’. O século XIX viu o movimento das missões modernas ganhar ímpeto e florescer. Entretanto, este grande esforço missionário cresceu no contexto dos impérios coloniais mundiais. Uma parte central dos esforços missionários mundiais foi a de “civilizar” as pessoas como parte do processo de “cristianizá-las”. Desta forma, estruturas formais, como a construção de escolas e hospitais, integraram os esforços missionários do século XIX.Quando apresentou sua perspectiva sobre o que deveríamos esperar da pregação do “Evangelho pleno”, Luce estava claramente referindo-se à substituição das estratégias de “civilizar e construir estruturas” do século XIX pela confiança no Espírito Santo, com sinais e maravilhas para acompanhar a tarefa. Os pentecostais afirmavam uma “estratégia radical” para esforços missionários que o século cristão havia minimizado. J. Philip Hogan definiu o caso para o planejamento de igrejas indígenas: “A prova da experiência ensina nestes dias que a unidade de evangelismo mundial final e única a lograr êxito é a Igreja. Com honestidade, sobre os ombros da Igreja repousa a comissão e a responsabilidade de evangelizar o mundo. Qualquer custo que não tenha como objetivo final a construção de uma igreja testemunha não pode ser o melhor de Deus para esta hora”.Esta afirmação de Hogan sintetiza uma posição formada não apenas no mover soberano do Espírito Santo, mas também no espectro mais amplo do Cristianismo americano. O século XIX foi um período de tempo em que o pensamento religioso europeu penetrou a igreja nos Estados Unidos. O que tornou-se conhecido como o debate “modernista/fundamentalista” foi empreendido. As crenças cristãs elementares, como a autoridade das Escrituras, o nascimento virginal, a deidade de Cristo, a expiação vicária e a ressurreição de Cristo foram solapadas pela influência da erudição. Como resultado deste debate, foram traçadas linhas entre aqueles cristãos que queriam focar em ganhar almas e aqueles que afirmavam um evangelho social que valorizasse a mudança social e a reforma como escopo dos esforços ministeriais cristãos. Um imenso ramo no Cristianismo americano estava se formando e o ponto crucial foi personificado no Scopes Monkey Trial, que aconteceu no Tennessee em 1925. A posição “modernista” é personificada no advogado de defesa Clarence Darrow, cuja retórica e defesa da evolução sendo ensinada em escolas públicas estava claramente apresentada. A posição “fundamentalista” era defendida por William Jennings Bryan, o populista de Nebraska, cuja apresentação na corte soa mais como um encontro evangelístico à la Billy Sunday. A atenção da nação estava concentrada neste julgamento porque personificava as convicções religiosas da nação, destacando a bifurcação do Evangelho em evangelismo versus ação social como uma experiência americana única. O Scopes Trial solidificou as linhas consideráveis de opinião dentro do Cristianismo americano e, antes ainda do alvorecer de 1947, Carl F.H. Henry escrevia em The Uneasy Conscience of Modern Fundamentalism (A Consciência Inquieta do Fundamentalismo Moderno) que os cristãos crentes na Bíblia estavam desafiados a reconsiderar as implicações mais amplas do Evangelho.

Uma avaliação honesta

Então, o que significa esta breve lição histórica para as igrejas evangélicas? Primeiro, devemos reconhecer que nosso foco missionário foi forjado em meio ao corretivo que Deus soberanamente dá à Igreja. Uma “estratégia radical” que conta com o poder do Espírito Santo é necessária para energizar a evangelização mundial. O século XX testifica o que os historiadores certamente reconheceriam como o “Século Pentecostal”. Em 1900, somente 5% dos cristãos no mundo eram não-ocidentais. Hoje, mais de dois terços dos cristãos no mundo é não-ocidental. Seja qual for o cálculo, a estratégia pentecostal sobre a qual falou Alice Luce tem sido eficaz.Devemos também reconhecer que nossa “estratégia radical” pentecostal foi forjada em meio a um debate mais amplo empreendido no Cristianismo americano enquanto o Pentecostalismo se encontrava nos estágios iniciais. O debate modernista-fundamentalista resultou na divisão entre estratégias de evangelismo e ação social. Em função de nossas convicções doutrinárias afins com o Cristianismo ortodoxo, é compreensível que as Assembleias de Deus colocassem sua ênfase nas prioridades da sã doutrina e salvação das pessoas por meio do esforço evangelístico outorgado pelo poder do Espírito como foco primordial.No entanto, seria historicamente inexato sugerir que as pessoas comprometidas com a evangelização mundial têm sido remissas em sua compaixão pelas pessoas acometidas por tragédias de pobreza e injustiça. Na sequência da Guerra Civil Americana, um imenso êxodo da sociedade rural para urbana começou a ocorrer. Acompanhado de imigração maciça do Oriente e Europa Setentrional, a industrialização da economia e a imigração massiva produziram as realidades urbanas as mais implacáveis. Seguindo o padrão do Exército da Salvação da Inglaterra, os ministérios evangelísticos invadiram as favelas das cidades americanas e propiciaram alívio para suas tragédias sociais, que eram as realidades daquele dia. Moradias para auxiliar o alcoólatra, a prostituta, o tuberculoso foram construídas. Escolas Dominicais que atendiam às necessidades de crianças onde os pais trabalhavam sete dias por semana em fábricas foram os maiores fatores de estabilização nessa época.Uma das influências evangélicas mais prementes foi a de A. B. Simpson e sua Aliança Cristã e Missionária; ele não somente influenciou os pentecostais com sua mensagem do Evangelho de Quatro-Faces, como também serviu para dar destaque à conexão entre o evangelismo agressivo, a afirmação de cura divina e o retorno breve de Jesus Cristo. Para Simpson, “há lugar não somente para o louvor a Deus, o ensino da verdade sagrada e a evangelização do perdido, mas também para cada fase da filantropia e da serventia prática. Estes aspectos podem ser, em perfeita manutenção com o simples ardor e dignidade da igreja de Deus, o trabalho passado agressivo para as massas e a evidente boa-vinda para toda a classe de homens pecadores; o ministério de cura para o doente e sofredor administrado em nome de Jesus, a mais completa provisão de alívio caridoso, palestras para o desempregado, casas para os órfãos, abrigos para os necessitados, refúgio para os inebriados, o pai e os necessitados. E não há trabalho que glorifique mais a Deus que uma igreja que abrace tão somente tais âmbitos e atendimentos”.Logo os pentecostais também exemplificaram as prioridades de A. B. Simpson em seus ministérios. Muitos destes primeiros missionários pentecostais eram mulheres solteiras chamadas para missões no fervor do Holiness Movement (Movimento de Santidade) do final do século XIX. Minnie Abrams foi uma dessas senhorinhas que serviu na Índia. Seu encontro com o batismo do Espírito Santo levou-a a escrever um panfleto chamado “O Batismo do Espírito Santo e Fogo” que fez com que a ênfase no Espírito Santo ganhasse raiz no Chile. Até a sua morte, o trabalho da srta. Abrams combinou o ministério dedicado a viúvas e órfãos com a evangelização de grupos ainda não alcançados.Em toda a sua vida adulta, Lillian Trasher serviu no Egito em meio às viúvas e órfãos. Em seus quase cinquenta anos de ministério no Assiout Orphanage, ela esteve comprometida com ganhar os perdidos e ministrar com compaixão a milhares. Florence Steidel cuidou de portadores de lepra na Libéria. Combinando o ministério de evangelismo, compaixão e outorga econômica, Steidel estabeleceu um dos ministérios de compaixão mais eficazes. O ministério de George e Carrie Judd Montgomery combinava cura com evangelismo e o serviço a órfãos e resgate de meninas. Os exemplos mais recentes desta combinação de alma e corpo são expressos nos esforços realizados em Calcutá por Mark e Huldah Buntan e o impacto considerável da Latin America ChildCare fundada por John e Lois Bueno.O compromisso histórico dos pentecostais para o evangelismo mundial tem estado claramente no centro de nossos esforços de missão e ministério em âmbito global. E mais, há exemplos óbvios de pentecostais que escolhem não serem apanhados na bifurcação histórica americana entre o evangelismo e o enfoque social. Esse honesto reconhecimento deve considerar os imensos desafios globais que estão despontando somente na próxima década. O Senhor soberano da colheita constituiu um corretivo poderoso para o movimento missionário no século XIX ao dar início a um reavivamento pentecostal que induziu ao crescimento sem precedentes do Cristianismo no século XX. Em face da fome, da epidemia de AIDS, de métodos econômicos, de guerra e de violência, o que poderia dizer o Senhor da colheita a uma igreja pentecostal para dar prosseguimento ao ministério de forma mais eficaz?A outorga de poder do batismo no Espírito Santo é verdadeiramente a fonte única de esperança e a possibilidade de vida com significado para muitos no mundo não-ocidental. Deveríamos escutar cuidadosamente os irmãos e irmãs pentecostais cujo entendimento do poder outorgado no batismo no Espírito Santo tem sido refinado em meio à tragédia, pobreza, injustiça e vida às margens. Eldin Villafañe diz, sucintamente: “o batismo no Espírito é inequivocamente visto como concessão de poder para o serviço, impactando o crente profundamente ao conferir-lhe uma coragem tremenda, um elevado senso de santidade pessoal e um novo senso de autovalor e poder pessoal. A igreja pentecostal detém os recursos espirituais para enfrentar os encontros de poder espiritual de nossas lutas na alma. Se o objeto de batismo no Espírito Santo for a missão contínua do Messias, então o desafio que permanece para os pentecostais é tomar o papel vocacional e profético mais amplo do batismo no Espírito Santo”. Villafañe está afirmando simplesmente que o batismo no Espírito Santo pode ser confiado por causa da outorga de poder na mais dolorosa das circunstâncias. Não importa o nível de necessidade ou obstáculo a esperar, nós podemos confiar que o poder do Espírito está presente em medida suficiente para demonstrar o reino dramático do Rei dos reis e Senhor dos senhores sobre todos os desafios.Um pentecostal da Índia fala acerca de seu contexto, onde a outorga de poder do Espírito Santo deve ser adequada para aquele contexto em que os problemas sociais são a realidade do dia. Ele diz: “No poder do Espírito Santo o homem torna-se seguro para construir para si mesmo uma sociedade justa, humana, pacífica e justa. Se quisermos ganhar a Índia para Cristo, temos que nos cingir e estar prontos para a batalha. Vamos lutar pelo marginalizado, o lançado ao ostracismo, o intocável, a prostituta e o cliente, a criança cuja infância foi roubada. A necessidade do dia é de cristãos socialmente ativos, que aceitem o desafio lançado sobre nós pelas forças do mundo”.Podemos ver que os pentecostais carregam perspectivas variáveis sobre as dimensões sociais de ministério. Será que os insights desses irmãos e irmãs poderiam ser uma voz profética para nós, americanos?

Fundamentos para Navegar em meio aos Desafios do Século XXI

Os pentecostais têm sempre olhado para a Bíblia para o entendimento claro de suas experiências espirituais e buscar fundamento autorizado para os esforços ministeriais. O Evangelho é eminentemente pessoal, pois cada pessoa deve ter um encontro com Deus e escolher aceitá-lO ou rejeitá-lO. Porém, quando o Evangelho transforma um indivíduo, há implicações que são de ordem social. Todo ser humano é integrante de uma situação social e a Bíblia deixa claro que é impossível amar a Deus e ao mesmo tempo odiar o próximo (1Jo 4: 20.21). Uma transformação pessoal pelo Evangelho tem resultados sociais porque a graça salvadora de Deus é estendida à humanidade em uma situação social, e não à parte. Reconhecer que esta conexão dentro do Evangelho não é um “evangelho social”. É o poder de Jesus Cristo para perdoar completamente e salvar os que a Ele se achegam (Hb 7.25).Há também algumas áreas em que devemos ser cautelosos para entender mais completamente nossa afirmação sobre a relação entre o tema bíblico do reino de Deus e nossa compreensão do final dos tempos (escatologia). Peter Kuzmic, pentecostal croata, fornece uma visão a respeito destas tensões temáticas. Observa que os evangélicos (incluindo os pentecostais) têm a tendência inerente de supersimplificar assuntos complexos, até mesmo os ensinos de Jesus sobre o Reino de Deus. Kuzmic alerta-nos a evitar que mantenhamos separados o presente e o futuro. Enquanto vivemos entre os “já cumpridos” e os “ainda não completos”, a primeira vinda de Jesus é o evento decisivo do ensino do Evangelho. Em Jesus Cristo, o futuro começou e o fim não constitui uma dúvida. Com o estabelecimento da Igreja como o local onde o Espírito habita, a vitória de Cristo estabeleceu o retrato visível do que significa ser redimido e viver como pessoas redimidas em um mundo não redimido (2Co 5.17-20). Kuzmic alerta-nos que postergar a significância do Sermão da Montanha e outros segmentos das implicações do Novo Testamento para a vida moral exerce uma divisão entre o poder mais pleno do Evangelho e sua serventia presente. Citando o erudito evangélico argentino, René Padilla, Kuzmic argumenta que “à luz do ensino bíblico, não há lugar para nosso ´outro mundanismo` que não resulte no compromisso do cristão para com seu próximo, radicado no Evangelho. Não há lugar para estatísticas sobre quantas almas morrem sem Cristo a cada minuto, se não forem consideradas quantas dessas pessoas morrem vítimas da fome. Não há lugar para o evangelismo que, como o homem que foi assaltado por ladrões na estrada de Jerusalém a Jericó, o vê somente como uma alma que deva ser salva e ignora o homem”.Nossa visão de futuro impacta a maneira como vivemos no presente. O reino de Cristo critica severamente nosso estado atual de coisas no mundo e chama as pessoas redimidas para dar um relance visível àquilo que o futuro pode parecer. Ao invés de olhar para a questão da compaixão e o Evangelho com receio de que o compromisso evangelístico histórico possa ser neutralizado, eu olharia para esta discussão com antecipação de que nossa eficácia para ministrar o Evangelho poderia ser intensificada. A pressão das necessidades globais e quebras óbvias em nossa própria sociedade chama-nos para humildemente virmos ante o nosso Senhor com um desejo de avivar nossos esforços. Questões críticas se formam no horizonte. Será que nossa atenção com as preocupações sociais refreia nosso evangelismo? O evangelismo consegue ser continuamente eficaz sem atentar para os dilemas sociais atuais que as pessoas vêm enfrentando? A velha questão (e a resposta aparente) levantada por Caim ainda é contundente: “sou eu guardador do meu irmão?” (Gn 4.9). A prosperidade cristã chama-nos para uma responsabilidade cristã maior em relação a nossos irmãos seres humanos em todo o mundo? Deveriam/podem as organizações baseadas na fé permanecerem verdadeiras a seus chamados ministeriais e às diretrizes das organizações governamentais da qual recebem fundos? Da mesma forma que nossos pioneiros pentecostais enfrentaram questões críticas há cem anos com relação à dinâmica pentecostal do batismo no Espírito, o ministério no poder do Espírito, e a urgência da hora impactou a evangelização mundial, devemos, humilde e criticamente, discutir nosso contexto atual com reflexão teológica séria.Adentramos a reavaliação necessária com uma vantagem notável. O significativo crescimento das Assembleias de Deus no mundo tem visto uma grande porção desse aumento ocorrer entre os mais destituídos e vulneráveis dois terços do mundo. Temos verdadeiramente sido uma igreja dos pobres, em meio aos pobres, e nossas igrejas locais em redor do mundo têm sido uma rede massiva de esforços com origem no povo, cuidando das necessidades das pessoas em seus contextos locais. J. Philip Hogan sucintamente define sua posição:

“Temos investido milhões de dólares e dedicado vidas sem conta para alimentar as pessoas famintas, desprovidas de roupa, de teto, educando crianças, treinado adultos em condição de desvantagem, e proporcionado cuidado médico para fisicamente enfermos de todas as idades. Temos sempre respondido generosamente aos apelos das nações após os desastres naturais — furacões, enchentes e terremotos. Como diretor destes esforços intercontinentais desta Fundação, quero que o mundo saiba que a razão pela qual fazemos estas coisas é porque Jesus Cristo o fez. A razão pela qual amamos as pessoas é porque Jesus Cristo as amou. Não temos outro motivo além deste. Nossos esforços para o alívio são inseparáveis do nosso testemunho sobre o Evangelho.”

Como participamos deste tempo de refinamento, a solene sabedoria do venerável Melvin Hodges vale nossa consideração. Comprovadamente um dos mais célebres missiólogos, Hodges está normalmente associado à implantação e desenvolvimento de igrejas indígenas. Entretanto, como viveu e trabalhou em meio à pobreza e a revoltas campesinas na América Central, Hodges refletia profundamente sobre as questões sociais ao dizer: “Por natureza os cristãos amam a justiça e odeiam a iniquidade. Por isso, estarão advogando toda e qualquer causa e empenhando-se para mostrar boa vontade a todos os homens”. Hodges gostava de dizer que “As pessoas não são almas sem ouvidos”.Em A Theology of the Church and Its Mission (Uma Teologia para a Igreja e sua Missão), Hodges expõe suas diretivas para a questão social. Uma sinopse dessas diretivas incluiriam o seguinte:

• Devemos manifestar o amor de Deus e ajudar, na medida do possível, os nossos próximos. Deus espera de nossa parte manifestações produtivas de Seu amor.

• A igreja local é o centro de todo ministério voltado para a ação social.

• Todo programa de ação social deve apontar as pessoas para a mensagem central de redenção por meio do sangue de Jesus Cristo.

• Nosso ministério para as necessidades sociais não deve jamais despertar expectativas inaceitáveis ou legalistas nas pessoas que estão sendo servidas.

• Devemos nos certificar de que nosso ministério está alcançando necessidades reais. Não devemos nos envolver em competições destrutivas com agências seculares.

• Devemos exercer o ministério de forma a ajudarmos as pessoas a ajudarem a si próprias.

• Devemos lembrar somente que estas coisas realizadas pela redenção da humanidade ficarão para a eternidade.

Uma declaração sucinta de Hodges sobre ação social foi:

“É evidente que os evangélicos não têm como alvo o homem integral. A primazia recai sobre a necessidade espiritual dos homens, uma vez que abre caminho para tudo o mais. Os evangélicos consideram que sua tarefa é comunicar o Evangelho de Jesus Cristo tanto pela proclamação como pela ação, brilhando também a vossa luz diante dos homens para que vejam as vossas boas obras e sejam conduzidos a Cristo” (Mt 5.16).

O missiólogo Doug Petersen, utilizou seu trabalho entre os pobres da América Latina para escrever um volume intitulado Not By Might Nor By Power (Nem Por Força Nem Por Poder). Doug sugere que toda pessoa que participa de um ministério de compaixão deve ter um relacionamento com Jesus Cristo, que é um encontro radicalmente transformador que traz a pessoa sob o foco único da lei de Deus. Esta derrocada espiritual radical que acontece lança uma pessoa no mundo sob o poder do Espírito Santo para assumir uma participação responsável por parte do pobre através de uma comunidade local de crentes. O batismo no Espírito Santo propicia um ato da graça de Deus em que uma pessoa é aparelhada para evangelizar e introduzir a justiça como consequência de um encontro com Deus. O contexto em que se encontram os crentes pentecostais de fato não define as necessidades a serem discutidas; é, antes, um ponto de inserção em que o poder transformador do Evangelho ganha visibilidade por uma comunidade pentecostal, pelo testemunho do poder do Espírito e pela ação do poder do Espírito que testifica do Evangelho que transforma vidas, eterno de nosso Senhor. A mágoa das pessoas sofredoras não pode ser evitada. Mas será que estaríamos encontrando aberta uma porta de oportunidade para apresentar àqueles levados para as margens da vida a mensagem transformadora de Jesus Cristo? Se sobrevivermos às implicações plenas do Reino sob cujo domínio vivemos — na Palavra de fato — poderíamos continuar a ver a maior evangelização que o mundo já viu.

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